Os dados dos mercados de previsão estão esfriando rapidamente, e a probabilidade do bitcoin ultrapassar US$ 100.000 até o final do ano caiu de 45% recentemente para níveis mais baixos, com os traders optando por uma postura de espera coletiva antes do fechamento do ano. Os contratos de previsão da Polymarket mostram que a probabilidade de o bitcoin ultrapassar US$ 100.000 até o final de 2025 caiu para 45%, enquanto a chance de cair abaixo de US$ 80.000 atingiu 34%.
No início de dezembro, o preço do bitcoin despencou 7%, recuando cerca de 31% desde o pico histórico de 6 de outubro, com o valor de mercado de todo o setor de criptomoedas evaporando mais de 1 trilhão de dólares.
1. O termômetro dos mercados de previsão
● Como barômetro do sentimento no universo cripto, os mercados de previsão estão registrando claramente o processo de enfraquecimento da confiança dos investidores. Na plataforma Polymarket, os dados de previsão sobre se o bitcoin retornará a US$ 100.000 até o final do ano permanecem em 45%, um estado de hesitação próximo ao “cara ou coroa”.
● Por trás desse número está uma mudança coletiva no psicológico dos participantes do mercado. Ao mesmo tempo, a probabilidade de atingir a meta mais agressiva de US$ 110.000 é de apenas 17%, enquanto a proporção de participantes que acreditam em uma forte correção, com queda abaixo da linha dos US$ 80.000, chega a 34%.
● Observadores do mercado apontam: “45% de probabilidade, na prática, é mentalidade de apostador; ninguém realmente ousa ir all in.” Esse estado de divergência reflete uma emoção complexa: ninguém se atreve a ficar totalmente pessimista, mas há dúvidas sobre novos recordes.
2. Dupla pressão: preço e estrutura
● O mercado de bitcoin está passando por um teste de estresse completo, tanto técnico quanto fundamental. Em 1º de dezembro, o bitcoin sofreu uma queda acentuada, caindo de cerca de US$ 90.000 para US$ 83.600 no mesmo dia. Essa queda foi acompanhada pela liquidação forçada de posições compradas superiores a US$ 500 milhões, e o índice de medo do mercado voltou a se aproximar da zona de “medo extremo”.
● Do ponto de vista técnico, a estrutura do bitcoin mudou substancialmente. Analistas apontam que a média móvel de 50 dias cruzou para baixo a média de 200 dias, formando o clássico “cruzamento da morte”, um sinal claro de reversão de tendência de médio prazo.
● Ao mesmo tempo, o indicador ADX, que mede a força da tendência, subiu para 40, indicando que o mercado está entrando em uma tendência clara e de rápida movimentação.
3. Onda de retirada de capital institucional
● A postura dos investidores institucionais em relação ao bitcoin mudou sutilmente em dezembro, refletida diretamente nos dados de fluxo de capital.
● Os ETFs, principais ferramentas para investidores tradicionais alocarem em criptomoedas, refletem a postura do “dinheiro de longo prazo” por meio de seus fluxos. Saídas contínuas de capital indicam que o ritmo de entrada de novos recursos externos desacelerou significativamente, e investidores institucionais podem estar reavaliando o papel das criptomoedas em seus portfólios.
4. Sinais de alerta no mercado de derivativos
● Fenômenos anormais no mercado de derivativos lançam ainda mais dúvidas sobre o futuro do preço do bitcoin. O bitcoin apresentou o fenômeno de “desconto nos futuros”, ou seja, o preço dos contratos futuros ficou abaixo do preço à vista. Isso geralmente indica pressão de mercado, medo extremo ou intensa atividade de hedge. A última vez que isso ocorreu foi em agosto de 2023, quando notícias sobre o ETF da Grayscale desencadearam uma grande onda de vendas.
● A base anualizada de três meses caiu para cerca de 4%, o menor nível desde novembro de 2022. Essa base mede o retorno anualizado obtido por meio de arbitragem de base, ou seja, comprando bitcoin à vista e vendendo contratos futuros com vencimento em três meses.
● Em fases de mercado em alta, os traders estão dispostos a pagar mais caro pela exposição ao risco futuro, elevando a base. Quando o entusiasmo do mercado é extremo, a curva pode se tornar inclinada, com os futuros negociando com prêmio.
5. Fatores restritivos do ambiente macroeconômico
● A agenda macroeconômica de dezembro está cheia, trazendo ainda mais incerteza ao preço do bitcoin. A direção do mercado este mês dependerá de alguns eventos macroeconômicos-chave: CPI dos EUA, dados de desemprego, reunião do FOMC, decisão de taxa do Banco Central do Japão e discurso de Powell.
● Recentemente, autoridades do Banco Central do Japão indicaram, de forma incomum, que podem considerar um aumento de juros, o que rapidamente gerou preocupações globais sobre uma possível reversão do “carry trade do iene”. Se os investidores precisarem recomprar ienes, em vez de continuar tomando empréstimos em iene para comprar ações americanas ou criptoativos, todos os mercados de risco globais podem entrar em um período de “desalavancagem passiva”.
6. O fundo do mercado está se formando?
● Em meio ao pessimismo, alguns analistas tentam identificar sinais de que o mercado pode estar formando um fundo. Derek Lim, diretor de pesquisa da Caladan, acredita que o bitcoin provavelmente permanecerá oscilando em uma faixa, consolidando entre US$ 83.000 e US$ 95.000.
● Tim Sun, pesquisador sênior do HashKey Group, aponta que é improvável que o bitcoin inicie uma tendência de alta sustentada antes do final de 2025; o cenário mais realista é “buscar ativamente uma formação de fundo”.
● Vale notar que a Vanguard, gigante da gestão de ativos que sempre considerou as criptomoedas como “ativos especulativos” e as evitou, de repente anunciou que permitirá negociações de ETFs de cripto para seus clientes. Essa mudança ocorre após o mercado cripto perder mais de 1 trilhão em valor desde outubro, tornando o significado desse sinal bastante complexo.
7. Desafios de liquidez e profundidade de mercado
● A liquidez do mercado de bitcoin está piorando, o que intensifica ainda mais a volatilidade dos preços. A “profundidade de mercado” do livro de ordens do bitcoin ficou em torno de US$ 568,7 milhões no último fim de semana, abaixo do pico de US$ 766,4 milhões no início de outubro.
● Isso significa que, no último mês, a profundidade do mercado caiu quase 30%. A profundidade de mercado mede a resistência do preço a oscilações causadas por grandes negociações; sua queda indica que qualquer operação de grande porte pode causar volatilidade ainda maior.
● O preocupante é que o volume de operações alavancadas está elevado neste momento, criando um ponto de ignição oculto no mercado. Com pouca profundidade de mercado, a liquidação de posições alavancadas pode desencadear uma reação em cadeia, ampliando ainda mais a volatilidade dos preços.
8. Perspectivas de fim de ano e estratégias de investimento
Diante de um ambiente de mercado complexo, analistas mantêm uma postura cautelosa em relação ao desempenho do bitcoin no final do ano. Vários analistas preveem que é improvável que o bitcoin inicie uma tendência de alta sustentada antes do final de 2025.
● Lim, da Caladan, comparou a situação atual com a de 2019, quando os ativos de risco só registraram forte alta cerca de 6 a 12 meses após o Federal Reserve encerrar seu último ciclo de aperto quantitativo.
● No entanto, alguns analistas ainda acreditam que o bitcoin está em uma correção de mercado de alta, e não em um mercado de baixa. Sun explica que um verdadeiro mercado de baixa geralmente é acompanhado por uma grande saída de capital de longo prazo, colapso das narrativas de mercado e retirada em massa de instituições.
● Lim alerta que, se o preço do bitcoin cair abaixo de US$ 75.000, pode desencadear uma onda de vendas ainda mais severa.
A velocidade da mudança no sentimento do mercado é impressionante. Dias antes da queda do bitcoin, a maioria dos traders no mercado de previsão Myriad ainda acreditava que o bitcoin “bateria um novo recorde de US$ 100.000 primeiro”. Após o início da queda, essa expectativa se inverteu rapidamente, e quase metade apostou que “primeiro cairia para US$ 69.000”.
O capital institucional está se retirando silenciosamente; em dezembro, o ETF de bitcoin teve saída líquida de US$ 3,5 bilhões, o pior desempenho desde fevereiro. No gráfico técnico, a média móvel de 50 dias já cruzou para baixo a de 200 dias, formando o chamado “cruzamento da morte”, um sinal de baixa de médio prazo reconhecido pelos traders.
A balança do mercado, antes do fechamento do ano, está pendendo para o lado da cautela.



