OpenSea se transforma em um hub de negociação cripto multichain após o boom dos NFTs chegar ao fim

A OpenSea, que já foi o marketplace dominante de NFTs, está se reinventando como um agregador de negociação cripto multi-chain, mudando o foco da arte digital para uma plataforma mais ampla de ativos cripto após um colapso devastador do mercado e demissões em massa.

De acordo com detalhes compartilhados com o The Block por e-mail, a startup agora permite que os usuários negociem qualquer token — incluindo NFTs, memecoins e outras criptomoedas — em 22 blockchains. Para agregar liquidez, a OpenSea utiliza exchanges descentralizadas como Uniswap e Meteora, cobrando uma taxa de transação de 0,9% sem nunca custodiar os fundos dos usuários.

Além disso, a plataforma reformulada utilizará um modelo não custodial e não realizará verificações KYC. Em vez de coletar credenciais dos usuários, ela conta com a empresa de análise blockchain TRM Labs para sinalizar endereços sancionados ou suspeitos.

Sob a liderança do CEO Devin Finzer, a rebranding da OpenSea marca uma ruptura decisiva com sua identidade exclusivamente voltada a NFTs e mostra o quanto o inverno dos colecionáveis digitais afetou o setor. A empresa cortou mais da metade de sua força de trabalho após a receita mensal despencar de 125 milhões de dólares em janeiro de 2022 para apenas 3 milhões de dólares no final de 2023, já que o volume de NFTs caiu mais de 90% em relação ao pico de 2021.

Os volumes de negociação em marketplaces de NFT caíram cerca de 95% em relação aos máximos de 2021, enquanto coleções outrora premium como Bored Ape Yacht Club e CryptoPunks viram suas avaliações despencarem.

Nas duas primeiras semanas de outubro, a OpenSea supostamente movimentou 1,6 bilhão de dólares em negociações cripto e 230 milhões de dólares em NFTs — seu maior mês em mais de três anos. O antigo rival da OpenSea, Blur, que chegou a superá-la com negociações sem taxas, desde então viu sua atividade despencar em mais de 90%.

"Você não pode lutar contra a tendência macro", disse Finzer, descrevendo a mudança de foco como uma adaptação ao novo ambiente cripto "risk-on". Em uma thread no X, Finzer observou que a OpenSea registrou uma demanda massiva com cerca de 2,6 bilhões de dólares em volume de negociação neste mês, sendo mais de 90% provenientes da negociação de tokens. "As pessoas não acordam querendo 'uma ponte' ou 'um rollup'", acrescentou. "Elas querem um lugar onde todos os ativos que possuem, de arte a tokens, itens de jogos e memes, simplesmente funcionem."

A startup, agora sediada em Miami com cerca de 60 funcionários, planeja lançar um token OpenSea por meio de uma fundação independente e lançar um novo aplicativo móvel como parte do "OpenSea 2.0". Finzer disse à Forbes que o objetivo é tornar a negociação "tão intuitiva quanto a Robinhood, mas totalmente autocustodial".

"A OpenSea quer estar onde a economia cripto realmente negocia agora — não apenas onde já se especulou", disse Finzer.