Bitcoin entra em um novo ciclo sazonal?
Setembro, historicamente sinônimo de queda para o bitcoin, parece estar perdendo sua maldição. Este mês tradicionalmente desfavorável para ativos de risco está começando, pelo terceiro ano consecutivo, uma dinâmica contrária. Apoiado por um contexto macroeconômico flexível e fluxos institucionais estruturantes, o mercado dá sinais de maturidade. A rainha das criptos já não sofre com o calendário: ela o redefine.
Em resumo
- O mês de setembro é historicamente o mais desfavorável para o bitcoin, com seis anos consecutivos de perdas entre 2017 e 2022.
- Essa tendência de queda é explicada por uma sucessão de choques regulatórios, macroeconômicos e midiáticos, principalmente vindos da China e dos Estados Unidos.
- Desde 2023, o bitcoin apresenta uma dinâmica oposta, impulsionada por eventos estruturantes como a vitória judicial da Grayscale e os cortes de juros do Fed.
- As perspectivas para este setembro são positivas, com volumes recordes em ETFs, uma política monetária mais flexível e um ecossistema institucionalizado.
O legado de um mês negro: seis anos de queda antes da recuperação
Entre 2017 e 2022, o bitcoin fechou sistematicamente o mês de setembro no vermelho. Essa série de seis quedas consecutivas consolidou profundamente a reputação do “setembro vermelho” no imaginário cripto, enquanto o mercado inicia este período com cautela.
Esses desempenhos decepcionantes foram resultado de uma série de eventos geopolíticos, regulatórios e financeiros, muitas vezes violentos, que frearam o ímpeto do mercado. Vários episódios-chave ilustram essa dinâmica negativa:
- Setembro de 2017: o Banco Popular da China proibiu captações de recursos por determinados métodos em 4 de setembro, causando uma queda imediata do bitcoin. A Coreia do Sul seguiu o exemplo em 29 de setembro.
- Setembro de 2018: um comunicado de imprensa afirmou que o Goldman Sachs desistiu de lançar uma equipe de negociação de criptoativos. A informação, posteriormente classificada como “fake news” pelo banco, fez o BTC despencar abaixo de US$ 7.000.
- Setembro de 2019: o lançamento fracassado da plataforma Bakkt, que deveria oferecer exposição regulada ao bitcoin para investidores institucionais. Três dias após o lançamento, o bitcoin caiu de quase US$ 10.000 para menos de US$ 8.000. A Binance Research citou um “início decepcionante” como causa da queda.
- Setembro de 2020: apesar do crescente interesse pelo bitcoin como ativo de proteção, a atenção dos investidores se voltou para o Ethereum em meio à febre do DeFi. A dominância do ETH subiu acentuadamente naquele mês.
- Setembro de 2021: nova onda de choque vinda da China, proibindo mineração e negociação de criptoativos em todo o seu território. A pressão regulatória derrubou o mercado.
- Setembro de 2022: após o choque do colapso da Terra/LUNA em maio, o Fed elevou as taxas de juros pela quinta vez no ano, em 75 pontos-base. A política monetária agressiva ampliou a aversão ao risco.
Essa acumulação de choques sucessivos, combinada à aversão geral a ativos de risco nesse período do ano, consolidou a reputação de setembro como o mês mais desfavorável para o bitcoin.
Essa tendência também é consistente com a observada nos mercados tradicionais. O S&P 500 historicamente apresenta seus piores desempenhos neste mês, segundo dados da Yardeni Research.
O surgimento de um ciclo de alta estruturado
No entanto, esse legado sombrio parece ter sido quebrado em 2023, quando o bitcoin registrou um ganho mensal de cerca de 4%, impulsionado por uma importante decisão judicial nos Estados Unidos.
Em 29 de agosto, um tribunal federal de apelações classificou a rejeição da SEC ao pedido da Grayscale para converter seu trust de Bitcoin em um ETF à vista como uma “decisão arbitrária e caprichosa”. Esse evento reacendeu a confiança na iminente aprovação de um ETF de Bitcoin à vista, uma expectativa que se concretizou no início de 2024.
“Tal decisão forçou os reguladores a repensarem sua posição”, destacou Eric Balchunas.
O clima então se mostrou propício para uma alta, e setembro de 2024 viu o bitcoin registrar um aumento recorde de +7,29%, seu melhor desempenho histórico para este mês, segundo dados da CoinGlass.
Vários fatores macroeconômicos reforçaram essa dinâmica. Em 18 de setembro de 2024, o Fed realizou seu primeiro corte de juros desde março de 2020, uma mudança bem recebida pelos mercados. Ao mesmo tempo, o lançamento da World Liberty Financial alimentou a narrativa política sobre o retorno das criptos ao centro das atenções.
Essa combinação de sinais de alta alimenta uma transição para o que alguns já chamam de “Uptober”, em referência ao mês de outubro, historicamente favorável ao bitcoin, com seis anos consecutivos de ganhos.
No início deste setembro, a tendência pode realmente se confirmar. ETFs de Bitcoin à vista registram volumes diários de negociação que somam bilhões de dólares, enquanto o Fed, na voz de Jerome Powell, adota um tom resolutamente flexível em seu último discurso em Jackson Hole.
“O reequilíbrio dos riscos pode justificar um ajuste em nossa política monetária”, declarou ele, referindo-se às próximas reuniões do FOMC agendadas para 16 e 17 de setembro. Somam-se a isso rumores vindos da China sobre uma possível autorização de stablecoins atreladas ao yuan offshore. Nesse contexto, um novo corte de juros é antecipado e pode servir de catalisador para um terceiro setembro positivo.
Se os sinais favoráveis se mantiverem, o bitcoin pode definitivamente virar a página do “setembro vermelho” e entrar em uma nova dinâmica de alta no calendário cripto. No entanto, resta saber se essa tendência emergente reflete uma evolução estrutural do mercado ou uma situação momentânea impulsionada pela política monetária dos EUA, que influencia positivamente as finanças globais.
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